José Manuel, o que significa para ti ser treinador de guarda-redes? Como é treinar guarda-redes profissionais de um clube da La Liga, como o Real Valladolid CF?
Ser treinador de guarda-redes significa manter uma ligação emocional contínua com aquilo que o futebol sempre representou para mim desde os meus primeiros tempos: uma paixão, uma forma de vida e uma crença competitiva no dia a dia. Ter espírito competitivo faz-nos crescer constantemente e alcançar objetivos.
Treinar guarda-redes profissionais, para além de nos fazer sentir privilegiados por fazermos o que amamos, implica saber aplicar os conhecimentos adquiridos com a experiência na baliza (quando se tem essa sorte), estruturar todos os conceitos metodológicos que a formação nos oferece e filtrar os fatores competitivos que influenciam a nossa própria metodologia. Isto permite dotar os guarda-redes com as ferramentas mais eficazes para o seu percurso profissional.
Nos clubes profissionais, naturalmente, o trabalho é normalmente mais desafiante, especialmente se o objetivo da equipa é lutar para evitar a descida de divisão. Nestes casos, temos de acrescentar um suporte psicológico adicional. Não basta apenas ensinar a técnica; muitas vezes, é necessário garantir que os erros não são exagerados ou que não se dá importância a opiniões pouco fundamentadas.
Falando da Fútbol Emotion Academy, como coordenador, como avalias o Clinic de Natal realizado em Valladolid?
O Clinic de Futbol Emotion Academy em Valladolid, realizado durante o Natal, permitiu não só desenvolver sessões de convivência específicas ligadas à nossa profissão, mas também transmitir carinho, motivação e criar um estilo próprio junto dos nossos guarda-redes.
Percebi claramente o compromisso, a cumplicidade e a proximidade, não só dos participantes, mas também dos pais, que nos agradeceram a qualidade do evento, a dedicação e o profissionalismo de todos os envolvidos. Tudo isto foi possível graças ao grande apoio de uma empresa como a nossa, que garante solidez e seriedade em cada iniciativa que realizamos em representação da marca.
Como foi a estrutura e o que se fez no Clinic? Conta-nos os detalhes para conhecermos melhor a sede de Valladolid.
Na nossa sede de Valladolid, em colaboração com o CD San Pio X, tanto na escola como para o referido evento, estruturámos o clinic de forma consensual com o outro coordenador, Asier Calvo, e com os monitores de reconhecida competência e experiência no trabalho com jovens guarda-redes, Carlos Rodríguez e Mario Cid. Todos concordámos em seguir algumas diretrizes inalteráveis durante os dias do clinic.
Uma dessas diretrizes foi a formação metodológica adaptada às diferentes idades dos participantes; outra, fundamental na minha opinião, foi garantir que todos se divertissem ao máximo durante as sessões. No final de cada dia, proporcionámos aos participantes a possibilidade de competir de forma diferente, adicionando um toque lúdico e motivador.
Dividimos os guarda-redes por grupos etários, permitindo rotações entre todos os monitores, com exercícios variados em cada passagem, sempre com o objetivo de que a aprendizagem fosse progressiva e consistente.
A nossa sede de Valladolid está situada numa zona relativamente próxima do centro da cidade, no Complexo Municipal ‘Los Cerros’, com excelente acessibilidade e, como já referi, um grande grupo humano à frente. O objetivo principal deste clube é proporcionar oportunidades aos seus atletas e promovê-los sempre que possível. Desta vez, a colaboração com a nossa empresa Fútbol Emotion Academy permitiu-lhes maior visibilidade e deu especial relevo a esta iniciativa.
Durante a tua carreira, já treinaste em clubes profissionais. Há muita diferença para o futebol de formação?
Naturalmente, cada clube procura imprimir a sua própria identidade na formação das suas bases. Todos os critérios são válidos, pois o objetivo comum é formar futuros profissionais. O mais importante é transmitir valores pessoais que sirvam os jovens no seu percurso na sociedade do futuro.
Cada clube pode adotar diferentes conceitos metodológicos, mas, como já referi, o nosso objetivo é sempre oferecer formação de excelência a cada guarda-redes, possibilitando que, no futuro, possam defender a baliza do clube local, permanecendo ligados à sua casa.
Qual é a etapa mais importante na formação de um guarda-redes, em termos de fundamentos técnicos e táticos básicos?
Acredito que todas as idades são fundamentais, pois desde muito cedo os jovens devem começar a conhecer não só a função na baliza, mas também a compreender o jogo que praticam, além de adquirirem, de forma lógica, os fundamentos técnicos e táticos essenciais. É igualmente importante introduzi-los desde cedo ao aspeto psicológico da nossa posição, já que a sua força mental determinará a longevidade e o sucesso da sua carreira como guarda-redes.
José Manuel, e falando de formação, como te defines como treinador? Como gostas que sejam os teus treinos nas nossas formações?
Não é fácil definir-se a si próprio, pois o mais importante é como os outros percebem o nosso trabalho. No entanto, considero-me disciplinado, rigoroso e com uma metodologia baseada em conceitos atuais, sem nunca esquecer as nossas raízes, ou seja, o chamado futebol clássico.
Acredito firmemente que, se respeitarmos a base que nos trouxe até aqui, podemos evoluir progressivamente. Se tentarmos saltar etapas ou implementar exercícios apenas vistosos, mas sem um objetivo claro de melhoria, corremos o risco de nos tornarmos mais animadores do que verdadeiros treinadores — algo que não faz parte da minha filosofia de guarda-redes. Tudo o que faço tem um único objetivo: promover a melhoria, a progressão e a aplicação prática do que trabalhamos, tornando os guarda-redes mais fortes e eficazes na sua posição.
Os treinos são ajustados em conjunto com o meu colega Asier, sessão após sessão, acrescentando nuances conforme necessário. Tentamos garantir que todos os guarda-redes assimilem os exercícios e, caso algum não evolua como esperado, fazemos pausas e estabelecemos orientações específicas para que ninguém fique para trás. É sempre melhor repetir com fundamento do que avançar sem bases sólidas.
A escola Futbol Emotion Academy para guarda-redes, que coordenas em Valladolid… como tem sido o início da temporada?
Na escola, desde o início, notámos — apesar do arranque tardio devido às circunstâncias habituais de lançar um novo projeto na cidade — que todos se sentem identificados connosco. Aliás, o número de guarda-redes tem vindo a crescer e a evoluir. Um dos pontos mais importantes é que alguns guarda-redes, que inicialmente se inscreveram apenas por um mês, renovaram o seu compromisso com a Fútbol Emotion Academy e permaneceram até ao final do curso, o que demonstra o elevado grau de satisfação com o trabalho desenvolvido.
Porque recomendarias que guarda-redes se inscrevessem em escolas de formação, clinics ou campus como os nossos?
Que venham com a mesma motivação de sempre, com vontade de fazer parte da família Fútbol Emotion. A experiência é séria, rigorosa e muito gratificante, porque não se trata apenas de estarem juntos, mas de partilharem experiências com outros guarda-redes, aprendendo lado a lado. Haverá sempre momentos para o convívio competitivo, e o que receberem será completamente diferenciador em relação a outras ofertas. Mas, acima de tudo, serão momentos que ficarão para sempre nas suas memórias mais importantes na profissão.
E, para terminar, que conselho darias a todos os jovens que vão ler a tua entrevista e que estão agora a começar?
O meu conselho é que nunca percam a vontade de ser guarda-redes, que a motivação vença a preguiça e as dificuldades que esta posição implica. Somos diferentes, mas também os melhores, porque não só tentaremos fazer bem o nosso trabalho, como ajudaremos a colmatar os erros dos outros. A nossa profissão enche-nos de orgulho, pois sabemos que somos úteis, importantes e indispensáveis.
Força e ânimo para todos, porque a profissão é exigente, mas está cheia de momentos indescritíveis — só ao alcance de quem sabe saboreá-la, de nós, que a conhecemos.