Hoje vou escrever um post dos que adoro e que sei que vocês gostam e desfrutam quando o lêem.
Vamos falar das luvas SMU que a adidas prepara para o Pepe Reina (Bayern de Múnich) e para o Claudio Bravo (FC Barcelona). Para os que nos seguem a pouco tempo, SMU significa Specially Made Unique. Aplica-se às luvas que as marcas modificam para adaptá-las ao gosto dos seus guarda-redes profissionais. Insisto no termo: são modificações, não são melhorias. O produto que as marcas vendem é da mesma qualidade dos produtos que utilizam os jogadores.
Hoje chegaram às minhas mãos o Predator Zones Pro do Reina (Bayern de Múnich) e o Predator Zones Fingertip do Claudio Bravo (FC Barcelona). Como tal vamos analisar até ao último pormenor cada uma destas luvas para ver o que modificam e o que mantêm nas suas ferramentas de trabalho estes guarda-redes.
PEPE REINA
Desde as suas primeiras temporadas na adidas, e estou a falar à vários anos atrás, Reina modificou sempre as suas luvas até ao extremo. Quando começou a representar a adidas foi durante uma época na qual as luvas praticamente não tinham tecnologias. Como tal, atualmente as possibilidades de modificar as luvas são muito maiores. Contudo, Pepe Reina, caracteriza-se por simplificar as luvas, ou seja, com as suas modificações torna a luva mais clássica e menos técnica.
O primeiro que temos que indicar destas luvas, como todas as que a adidas envia para os seus profissionais, é que são fabricadas na Alemanha. A explicação é muito fácil: fabricam-se quantidades muito reduzidas. Quantas luvas pode receber um guarda-redes profissional para três meses? Nunca mais de 10 pares, portanto não vale a pena preparar uma linha de montagem só para esses pares. Os profissionais têm as suas luvas várias semanas antes que as luvas estejam disponíveis para venda ao público. Ou seja, são fabricadas como luvas de amostra.
Curiosa a frase que podemos ver na etiqueta: “Only the Best for the athlete” que significa “Só o melhor para o atleta”.
A primeira alteração funcional que chama muito a atenção quando pegamos na luva é que a peça de reforço da base da palma não é de borracha de alta densidade como a luva de serie, mas sim látex pintado de vermelho. O que tem muito sentido numa luva de um guarda-redes profissional. Estamos a falar de uma peça que aumenta a vida da luva principalmente quando a utilizamos em superfícies abrasivas. No caso dos guarda-redes profissionais esta peça não tem sentido tendo em contas as superfícies onde jogam e a substituição periódica de material.
A segunda alteração é muito interessante. O Pepe Reina prescinde do punho elástico que dá duas voltas ao pulso e escolhe uma faixa para apertar tradicional e de látex. O mais chamativo do caso é que a adidas não teve que a fabricar de forma exclusiva para os SMU’s do Pepe Reina. O que fez foi reutilizar a faixa da Predator Competition, o modelo de gama média da marca. Portanto Reina descarta uma tecnologia de gama alta e para substituí-la escolhe uma de gama média.
E por último falamos da modificação mais funcional e que mais afeta o seu trabalho como guarda-redes: o corte da luva. Os dedos centrais (médio e anelar) têm exatamente o mesmo corte negativo que o modelo de serie. A novidade aparece nos dedos indicador e mindinho. A parte interior de ambos os dedos é um corte negativo, mas a zona externa está fabricada com corte flat. Qual é o motivo? Não sei mas pode ser para aumentar a superfície de látex ou para não sentir os dedos tão pressionados... Seja como for a sensação varia muito ao realizar esta modificação.
CLAUDIO BRAVO
Depois da analise da SMU do Pepe Reina passamos ao extremo oposto: Claudio Bravo. O guarda-redes chileno praticamente não modifica as suas luvas Predator Zones Fingertip. Para começar é estranho que um guarda-redes profissional utilize rollfinger. Exceto no Reino Unido, este corte não é muito popular a nível profissional.
A pesar disso a adidas fabrica as suas luvas na Alemanha na fabrica de Herzogenaurach. Provavelmente a necessidade do atleta de receber as suas luvas várias semanas antes que a produção normal seja o motivo para que não lhe entreguem diretamente umas luvas de série.
O corte rollfingertip não apresenta nenhuma diferença relativamente ao modelo de série. Falamos de um rollfinger tradicional com uma extensão de látex no dorso na zona da ponta dos dedos.
A peça da base da palma é também muito parecida à do modelo comercial. O Claudio Bravo deve ser dos poucos guarda-redes a nível profissional que não retira essa peça. Além de Pepe Reina vimos também o Neuer ou o Casillas entre outro que pedem para eliminar essa zona e substituí-la por uma decoração vermelha sobre o látex.
A zona que quase nenhum modifica (exceto Reina e Neuer, penso eu!) é a faixa elástica de duas voltas. O Claudio Bravo não é uma exceção e mantém a faixa de série das luvas comerciais.
Depois de analisar ambas as luvas vemos dois extremos do futebol profissional: o guarda-redes que modifica praticamente a luva inteira e o guarda-redes que se adapta ao material de serie.
Eu se pudesse modificar umas luvas da adidas, pediria o seguinte:
- Punho de material elástico em vez de neopreno
- Corte híbrido roll-negativo em vez de corte negativo.
E tu? Que modificarias numas luvas se a adidas te oferece-se um SMU?